Os princípios
desta Ordem, que de boa vontade seguimos, nos colocam a todo o momento em
confronto diário com nossas próprias paixões mais íntimas e os nossos vícios
mais camuflados. Absorver seus ensinamentos e utilizá-los como instrumentos
para desbastar nosso caráter a fim de nos tornarmos “pedras polidas” já não é
mais uma escolha, é um dever moral.
De fato não é
uma caminhada fácil, mas o fácil é comum e, aquele que optou por ser membro
desta nobre instituição deveria estar, no mínimo, à procura de ser diferente.
Como didática
para a transmissão da grande maioria de seus ensinamentos, a Maçonaria emprega
o uso de símbolos, elos criados para direcionar de forma direta o observador ao
significado. Esta estratégia é aplicada até mesmo em seu processo de autoapresentação
à sociedade, de forma clara e precisa, seu principal símbolo é o próprio maçom.
Seus princípios, sua postura e suas atitudes são a manifestação do que ele é em
essência e, consequentemente, o que de fato é a Maçonaria.
Daí a necessidade
de que toda a verdade trazida na doutrina maçônica seja compreendida na
íntegra, para que possa ultrapassar o âmbito dos sentimentos voláteis, a fim de
realmente se aprofundar no campo dos princípios permanentes do ser, regendo
assim seus pensamentos e ações ainda que instintivamente.
A
Ordem Maçônica tem dentre seus princípios fundamentais a igualdade e a
identificação de si no outro. Se os irmãos são iguais entre si, eles são a
mesma coisa e, consequentemente, a ação do “um” reverbera no “todo”. Por isso o
maçom tem o dever de ser um exemplo de moral, mantendo-se reto e fiel às leis,
não só as dos homens, como bom cidadão que é, mas principalmente às leis
universais, pois são estas que regem o Todo com maestria, imutáveis desde antes
do início dos tempos.
Aquele
que busca sentir e agir dentro da Lei percebe que seguir a senda da honra e
justiça não envolve apenas seguir códigos e mandamentos materiais ou relativos.
Por este motivo que cabe ao iniciado agir sempre de forma reta, porém sem
jamais esquecer a candura e generosidade, pois a ausência do amor embrutece o
espírito e a função do iniciado é utilizar-se do maço – símbolo da obrigação do
homem de ir ao trabalho, na certeza de que um edifício não se constrói apenas
com sentimentos – e do cinzel – instrumento capaz de dar forma e polimento
perfeito até ao mais rústico e maciço dos materiais – para lapidar tudo aquilo
que for bruto dentro de si, até transformar-se de uma pedra bruta, uma pedra
polida, pois um bruto de forma alguma poderá realizar com êxito o trabalho de
estabelecer e expandir a união e a fraternidade, não só para com seus irmãos de
Ordem, mas para com todos os homens, pois uma pedra cúbica apresenta a mesma
face para todos os lados.
Para
um membro da Confraria, conseguir realizar este processo de desbastamento
interior, num primeiro momento se faz necessária a busca incansável por conhecer-se,
para que neste processo as asperezas se manifestem e sejam polidas. O indivíduo
que se coloca à disposição desta busca interior certamente encontrará a verdade
que liberta, pois as Leis absolutas que se manifestam no macro, da mesma forma
o fazem no micro, e, ao perceber o universo dentro de si, sente que o movimento
que está dentro está fora e da mesma maneira deve-se trabalhar em ambas as
instâncias.
O bom maçom
vale-se do seu trabalho para a sua evolução da mesma forma que o pedreiro
depende de seu suor para o seu sustento. Da mesma forma que um pedreiro precisa
de suas mãos para levantar uma construção, depende o maçom da sua liberdade
para levantar a sua voz em proteção do indefeso e contra as atitudes daqueles
que conspiram contra a justiça e a verdade, valendo-se de poderes sociais para
explorar e oprimir o povo. Porém, não se deve esquecer destes irmãos, na
lembrança de que aquele que falha em sua ação é o que carece de maior atenção.
O iniciado não
deve nunca se abster de se posicionar contra qualquer investida desonesta e/ou
injusta a qual ele tenha conhecimento, ainda que (e principalmente se) seja
para o seu benefício. Para tal, ele precisa buscar distanciar-se ao máximo das
esferas profanas que venham a privar a sua liberdade, ainda que no âmbito
religioso ou até mesmo no profissional, pois não deve haver moeda que seja mais
valiosa que seu senso de dever para com a honra e a justiça, enfim, para com o
divino. Como bem disse o Irmão Gabriel Oliveira: "O maçom prefere passar
sua vida oculto no recesso da penumbra, alimentando o espírito com visões de
boas e nobres ações, do que ser colocado no mais resplandecente dos tronos e
ser impedido de realizar o que deve".
Enfim,
percebe-se que o verdadeiro membro da Ordem Maçônica é o homem que opta por ser
um obreiro incansável, pois ao passo em que a todo instante está dedicado à
construção de seu templo interior, também está operante nos trabalhos de
realização da obra divina, preocupando-se, além de lapidar a si mesmo, motivar
o próximo a entrar neste processo. Utilizando-se de sua liberdade e sua conduta
ilibada para apresentar-se como um líder dentre o povo que arrasta seus irmãos
pelo exemplo, auxiliando-os em seus processos individuais de despertamento e
evolução, sendo ativo na luta pela fraternidade e equidade dentre os homens,
pois enxerga que uma boa construção se faz com tijolos igualmente polidos e
juntos.
Autor Ir M.’.M.’. Braian Varjão Gama
Bispo
ARLS Arca da Lei, 178
ARLS Construtores da Esperança, 226
Oriente: Salvador, Bahia, Brasil
REAA
GLEB
Como citar este trabalho:
<http://estrelapolardafraternidade.blogspot.com.br/2015/09/segue-sempre-senda-da-honra-e-da-justica.html>. Acesso em (dia, mês e ano da consulta).
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, G. C. Maçonaria – Moral e
Dogma. Revista Universo Maçônico, São Paulo, v. 11, 2010.
SARMENTO, W. Maçonaria: Escola de Almas.
Disponível em: http://blogoaprendiz.blogspot.com.br/2012/06/macom-marcelao-apos-reuniao-maconica.html. Acesso em: 23
de maio de 2014.